quarta-feira, dezembro 13, 2006

Balão de ar quente

Diz-lhe que sou de fora. Olha, não lhe digas nada. Deixa-o estar... Quando lhe der a vontade, há-de ir embora. Contando que não me faça perguntas, contando que não me tente abordar. Diz-lhe qualquer coisa, se achares que é preciso... que sai agora da clínica e por isso não estou para conversas. Que me aborrece falar com estranhos, que fui educada num internato muito rígido, que tomei um àcido estragado, que me dói a barriga. Inventa alguma coisa tão despropositada e tão escorraçante que o afaste de vez do meu ângulo de visão. E depois, farias o favor de te vir sentar ao meu lado em silêncio. Respira e acompanha-me. Não saias daqui. Diz-me onde compraste o teu vestido. Acende-me um cigarro e chama o empregado de mesa, pede que nos sirva, vamos pagar o bilhete para o fim aos bocadinhos...